segunda-feira, 25 de junho de 2007

1º Encontro sobre laptops na Educação

O 1º Encontro sobre laptops na Educação surge da necessidade de compartilharmos informações a respeito do Projeto UCA – Um Computador por Aluno - que vem sendo desenvolvido no Brasil, institucionalmente, desde o início de 2007. É um projeto baseado nas propostas da Organização sem fins lucrativos “One Laptop per Child” (OLPC). http://www.laptop.org/pt/vision/index.shtml

É também necessário e urgente, repensarmos as metodologias pedagógicas, os ambientes educacionais dentro e fora da tradicional sala de aula, a ética e os valores humanos na comunicação no mundo digital; e acreditamos que a articulação entre os profissionais das diversas áreas da sociedade seja fundamental para tentarmos compreender os processos desse novo mundo no qual já estamos inseridos. Falamos de uma reforma radical nas concepções de ensinar e de aprender com as quais temos lidado até então.

Pretendemos que esse seja o primeiro de uma série de Encontros, e que essa idéia percorra todo o país, mobilizando educadores, desenvolvedores de sistemas e outros interessados no assunto.

Nossa programação:

manhã ==> mesa-redonda:

  • Histórico da OLPC e do UCA - 10h/12h
David Cavallo (representante da OLPC para a América do Sul) e Mauro Moura (GT do Projeto UCA - SEED/MEC)
  • mesa-redonda - 12h/13h - Desenvolvedores: Jakson Sosa (Encore) e Max Leite (Intel)

tarde ==> mesa-redonda:
  • Desenvolvimento do Projeto no Brasil - 14h/17h
Irene Ficheman (projeto-piloto - USP), Luiz Schara (UFF), Maria Helena Cautiero Jardim e Franklin Coelho (UCA - Piraí) e José Antonio Meira da Rocha (Jornalista - RS)


Essa é uma iniciativa particular, colaborativa, envolvendo profissionais de diferentes áreas (Educação, Engenharia, Informática, Comunicação Social).

Nosso convite é para o dia 14/07, das 10h às 17h, no Auditório da Escola de Engenharia da UFF, Campus da Praia Vermelha, Rua Passo da Pátria, 156, sala 330, bloco D - São Domingos, Niterói.

Inscrições gratuitas, no endereço: http://www.colegiogbell.com.br/esle/

Contamos com o apoio da Universidade Federal Fluminense – Escola de Engenharia – e do Colégio Graham Bell/Rio de Janeiro.

Denise Vilardo

Luiz Schara

Jenny Horta

Daniel Monteiro

Sabine Mendes

Linques interessantes:

O Projeto UCA/OLPC e o envolvimento dos professores

Não há projeto educacional sem o envolvimento dos professores.

Isso todos nós já sabemos. E não teremos professores preparados, devidamente preparados, - no caso especial que discutimos aqui, da utilização das pequenas máquinas - com "capacitações" rápidas e pontuais... com remendos de formação. Se for desse jeito, será um grande equívoco. E como não dá tempo de "graduar" novamente todos os que já se encontram no mercado de trabalho, a formação em serviço dos professores deve ser densa e contínua, junto com a dos meninos. E a revisão curricular dos cursos de Formação de Professores é urgentíssima (e, por falar nisso, não creio que a Academia esteja preparada pra essa tarefa). A reforma curricular, tanto para a Educação Básica, quanto para as Licenciaturas tem que ser radical, visceral (de virar as tripas, mesmo...). Não se trata de acrescentar mais uma disciplina chamada "Tecnologia Educacional"...

Imaginem o trabalho que temos pela frente:

  • utilizar a tecnologia a nosso favor, de maneira a realmente socializarmos e produzirmos informação e conhecimento,
  • buscando qualidade e conseqüentes melhorias para todos,
  • de maneira compartilhada.

Não é simples! Não se trata de ensinar os professores a lidarem com os computadores. É mil vezes mais que isso! É mudança de atitude em relação à vida! Nova forma de se conceber o conhecimento, a ciência, a cultura. É o professor sem certezas, sem verdades, apenas pronto para o "vir-a-ser".

Por isso não dá pra remendar...

Não podemos esquecer que o professor é também produtor de conhecimento!

Ele também tem que pensar e criar, e se sentir desafiado, senão ele acaba se percebendo apenas como um "orientador de tarefas a serem realizadas, e que foram pensadas previamente por outros"; e aí não há compromisso, nem responsabilidade pelo processo, uma vez que ele é só o cara que "aplica técnicas e segue roteiros". A "máquina de aprender" não pode ter receita. Ela é potencial, provocando potenciais. Essa concepção deve estar atrelada à escolha dos softwares que serão utilizados.


Lembremos, ainda, que não há salto qualitativo educacional sem que se queira que isso ocorra. Portanto, tem que haver vontade política. E, por favor, não dá pra falar em falta de verba pra Educação! Dá pra falar em verba mal utilizada, em desvio da verba da Educação pra outra "prioridade", em incompetência no gastar, mas não em falta. A maioria dos municípios brasileiros devolve recursos financeiros - para capacitação de professores - todos os anos ao Governo Federal, porque não consegue gastar... Todos os milhões despendidos anualmente em livros didáticos, vão pro ralo, uma vez que que encontramos milhares deles "guardados" nos almoxarifados das escolas, sendo corroídos pelas traças... Se não se realizar um trabalho muito sério com os professores, corremos o risco de, brevemente, encontrarmos laptops também guardados, sem chegar nas mãos dos meninos, pra não estragar...

Já disse algumas vezes na lista do "laptop100 - commits - request", o que vou repetir agora: tem que haver um "Plano de Educação" para esse país! O que queremos, onde e como queremos chegar, qual o tipo de sociedade que se deseja. É trabalho ideológico, mesmo! Por enquanto, estamos apenas colhendo os frutos do descaso, da falta de preparo, do descompromisso.

Estamos diante de uma grande oportunidade, de poder virar esse jogo, nesse momento em que tantas novas mudanças são necessárias. E fazer História, redefinir os rumos e reconstruir o que está por aí. Podemos começar por aqui mesmo, ampliando essa discussão na própria web, aproveitando para "treinar" essa forma de construir coletivamente.

Podemos fazer de conta que estamos saindo de uma guerra e precisamos reorganizar e reformar tudo... (acho que nem será muito difícil imaginarmos isso, né?)

Abraço fraterno

Denise Vilardo

Vamos começar do início?

Como dizia Paulo Freire, educamo-nos sempre em comunhão.

Partindo desse princípio, qualquer ato educativo pressupõe relação e presença, e com a atividade educativa via computadores não é diferente.

Ou seja, a educação virtual supõe conexão com outras pessoas: relação e presença.

E, se estamos todo o tempo falando em "Educação em Rede", "aprender em Rede", isso compreende que devemos passar a utilizar uma referência educativa exatamente oposta ao que se vê atualmente, que é uma educação individualista, voltada para a competição e para o "como levar vantagem".

A Educação em Rede necessita de conectividade, companheirismo, colaboração. E para que isso ocorra, eu já disse isso aqui outras vezes, precisamos de ideologia.

De nada adiantará distribuir computadores sem ideologia, sem mudança de comportamento, de atitude frente à aprendizagem. As máquinas podem chegar às escolas e nada representarem, se não houver uma mudança radical no ambiente escolar, nas concepções que ainda perduram. Tem que haver um projeto político-pedagógico que acolha o projeto de informática, e um projeto de informática que expresse o projeto político-pedagógico. É via de mão-dupla.

Moacir Gadotti (professor da USP e diretor do Instituto Paulo Freire), diz: "O novo meio exige uma visão mais construtivista e interacionista, em oposição ao instrumentalismo e à competitividade dominantes. Uma nova Pedagogia da Virtualidade faz-se necessária. Não basta ser usuário de um computador ou saber navegar pela Internet. Com a Educação em Rede, a formação centra-se na aprendizagem. Muda, portanto, o foco da educação tradicional."

E, para que isso ocorra efetivamente, precisamos de professores com uma nova atitude, porque espera-se uma Educação que também seja produção, seja mediação e acompanhamento. Por enquanto, os professores ainda não perceberam o seu tremendo potencial de companheiros de idéias emancipatórias e de fomentadores de projetos inter/transculturais.

Isso tudo pra tentar dizer que os softwares mais bonitos, sofisticados e competentes não garantirão melhoria de aprendizagem, sem que a dimensão desse professor/mediador seja revista, sem que haja uma profunda transformação dos modelos existentes.

Os softwares educativos, por si, não realizarão milagres.

A "Educação em Rede" tem todos os requisitos necessários para detonar a urgente e necessária mudança da escola que ainda existe.

E assim, quem sabe, os meninos passem a aprender a aprender?

Um grande abraço a todos