segunda-feira, 25 de junho de 2007

O Projeto UCA/OLPC e o envolvimento dos professores

Não há projeto educacional sem o envolvimento dos professores.

Isso todos nós já sabemos. E não teremos professores preparados, devidamente preparados, - no caso especial que discutimos aqui, da utilização das pequenas máquinas - com "capacitações" rápidas e pontuais... com remendos de formação. Se for desse jeito, será um grande equívoco. E como não dá tempo de "graduar" novamente todos os que já se encontram no mercado de trabalho, a formação em serviço dos professores deve ser densa e contínua, junto com a dos meninos. E a revisão curricular dos cursos de Formação de Professores é urgentíssima (e, por falar nisso, não creio que a Academia esteja preparada pra essa tarefa). A reforma curricular, tanto para a Educação Básica, quanto para as Licenciaturas tem que ser radical, visceral (de virar as tripas, mesmo...). Não se trata de acrescentar mais uma disciplina chamada "Tecnologia Educacional"...

Imaginem o trabalho que temos pela frente:

  • utilizar a tecnologia a nosso favor, de maneira a realmente socializarmos e produzirmos informação e conhecimento,
  • buscando qualidade e conseqüentes melhorias para todos,
  • de maneira compartilhada.

Não é simples! Não se trata de ensinar os professores a lidarem com os computadores. É mil vezes mais que isso! É mudança de atitude em relação à vida! Nova forma de se conceber o conhecimento, a ciência, a cultura. É o professor sem certezas, sem verdades, apenas pronto para o "vir-a-ser".

Por isso não dá pra remendar...

Não podemos esquecer que o professor é também produtor de conhecimento!

Ele também tem que pensar e criar, e se sentir desafiado, senão ele acaba se percebendo apenas como um "orientador de tarefas a serem realizadas, e que foram pensadas previamente por outros"; e aí não há compromisso, nem responsabilidade pelo processo, uma vez que ele é só o cara que "aplica técnicas e segue roteiros". A "máquina de aprender" não pode ter receita. Ela é potencial, provocando potenciais. Essa concepção deve estar atrelada à escolha dos softwares que serão utilizados.


Lembremos, ainda, que não há salto qualitativo educacional sem que se queira que isso ocorra. Portanto, tem que haver vontade política. E, por favor, não dá pra falar em falta de verba pra Educação! Dá pra falar em verba mal utilizada, em desvio da verba da Educação pra outra "prioridade", em incompetência no gastar, mas não em falta. A maioria dos municípios brasileiros devolve recursos financeiros - para capacitação de professores - todos os anos ao Governo Federal, porque não consegue gastar... Todos os milhões despendidos anualmente em livros didáticos, vão pro ralo, uma vez que que encontramos milhares deles "guardados" nos almoxarifados das escolas, sendo corroídos pelas traças... Se não se realizar um trabalho muito sério com os professores, corremos o risco de, brevemente, encontrarmos laptops também guardados, sem chegar nas mãos dos meninos, pra não estragar...

Já disse algumas vezes na lista do "laptop100 - commits - request", o que vou repetir agora: tem que haver um "Plano de Educação" para esse país! O que queremos, onde e como queremos chegar, qual o tipo de sociedade que se deseja. É trabalho ideológico, mesmo! Por enquanto, estamos apenas colhendo os frutos do descaso, da falta de preparo, do descompromisso.

Estamos diante de uma grande oportunidade, de poder virar esse jogo, nesse momento em que tantas novas mudanças são necessárias. E fazer História, redefinir os rumos e reconstruir o que está por aí. Podemos começar por aqui mesmo, ampliando essa discussão na própria web, aproveitando para "treinar" essa forma de construir coletivamente.

Podemos fazer de conta que estamos saindo de uma guerra e precisamos reorganizar e reformar tudo... (acho que nem será muito difícil imaginarmos isso, né?)

Abraço fraterno

Denise Vilardo

Um comentário:

Sérgio Lima disse...

Olá Denise!

Concordo 100% com você, mas acho que devemos implementar as "pequenas hegemonias locais" e usar as TICs para disponibilizá-las ao máximo...


Assim teremos vários esporos da "educacao da Era da informação se espalhando, com ou sem políticas públicas facilitadoras das mesmas!

[]'s
Sergio F. Lima